Friendship, Art, Fight
I have known Tainá Guedes for a lifetime. A loyal friend, a multifaceted artist, and the owner of a shrewd and sensitive perspective, she has been building her career in a truly unique way, exploring the intersection between art, food, and sustainability.
It is no coincidence that when I learned about the theme of the exhibition, Invisible Work, I felt compelled to bring this subject to the center of significant discussions—our National Congress.
Speaking about women who perform labor that remains undervalued is, in a way, speaking about my own existence as well. Without the partnership and dedication of a caregiver—a type of invisible work—I would not receive the most basic care: being fed.
In this regard, I cannot fail to mention the countless women who fight daily for access to water—without water, there is no food. According to UNICEF, women and girls in low-income countries spend around 40 billion hours a year collecting water and carrying it on their heads. This invisible and arduous labor is essential for the survival of billions of people.
The invisibility and lack of appreciation for this and other types of work is a problem that must be addressed through concrete actions but, above all, with empathy. An exhibition centered on this theme, based on food, is not merely a space for artistic reflection—it is a political act, as it raises awareness of the urgent need for a public policy of care in Brazil.
Making the “invisible” visible means engaging in direct dialogue with decision-makers. It means amplifying historically silenced voices. It means using art in its purest essence: as a tool for social transformation. It is an invitation for every public figure not only to reflect but to act.
In the piece you are holding in your hands, you can witness the full power of this work—work that is not only constructive but absolutely essential.
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*Amizade, arte, luta*
Conheço Tainá Guedes há uma vida. Amiga leal, artista multifacetada e dona de um olhar sagaz e sensível, ela vem construindo sua trajetória de forma muito singular, explorando a intersecção entre arte, alimentação e sustentabilidade.
Não por acaso, quando soube do tema da exposição, o "trabalho invisível", me senti imbuída da missão de expor o assunto para o centro de grandes reflexões, que é o nosso Congresso Nacional.
Falar sobre mulheres que realizam trabalhos que ainda são pouco valorizados é falar de certa forma sobre minha existência também. Sem a parceria e a dedicação de uma cuidadora – um tipo de trabalho invisibilizado – eu não teria o mais básico dos cuidados, que é o de ser alimentada.
Nesse sentido, não posso deixar de falar sobre um planeta de mulheres que lutam todos os dias pelo acesso à agua - sem água não há comida. De acordo com o Unicef, juntas, mulheres e meninas em países de baixa renda gastam cerca de 40 bilhões de horas por ano coletando água e carregando na cabeça. Um trabalho invisível e árduo, que rege a sobrevivência de bilhões de pessoas.
A invisibilidade ou falta de valorização desse e de outros trabalhos é um problema a ser enfrentado com ações concretas, mas, sobretudo, com empatia. Uma exposição com esse tema, tendo a comida como base, não é apenas um espaço de reflexão artística. É um ato político, porque amplia a conscientização sobre a necessidade de termos uma política pública de cuidados no Brasil.
Expor o “invisível” é dialogar diretamente com tomadores de decisão. É amplificar vozes historicamente silenciadas. É usar a arte em sua essência maior, que é a transformação social. Um convite para todo ser público não só refletir, mas agir.
Na obra que tem em mãos, você confere toda a potência desse trabalho, que além de construtivo, é extremamente necessário.
Mara Gabrilli, Senadora e membro do Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência